Julia acabara de escutar aquela canção que
não lhe saia da cabeça: "A gente é feito pra acabar, a gente é feito pra
dizer que sim. A gente é feito pra caber no mar, e isso nunca vai ter
fim." Não sabia por qual motivo esse trecho não lhe saia da memória, seria
por que seu relacionamento havia deixado uma dor aguda por tantas expectativas
jogadas ao vento?
Julia não sabia o porquê, mas sentia-se
traduzida ao cantar repetidas vezes esse trecho, era como se a música
ultrapasse sua
linguagem, ela sentia-se somente, e dava-lhe uma enorme vontade de chorar quando o refrão surgia:
"A gente é feito pra acabar."linguagem, ela sentia-se somente, e dava-lhe uma enorme vontade de chorar quando o refrão surgia:
Trancada em seu quarto, refletia os inúmeros
relacionamentos que lhe fizera sentir-se completa e depois fragmentada,
cortada, aos pedaços. Colecionava cartas amorosas de pessoas que lhe fizera
sentir oceânica, sentir-se "cabendo no mar."
Depois,
a separação, a solidão e a angústia.
Viver
seria aquele eterno ciclo de alienação e separação? Parecia que sim, e isso
parecia-lhe insuportável. O seu quarto, no quinto andar do prédio
recém-comprado pelos pais, possuía uma vista egrégia para o mar, ela ficava na
sacada por horas, escutando o barulho das ondas distantes, enormes, descomunais
que se desfaziam ao chegar à praia, elas lembrava-lhe seus amores, seus planos
colossais, porém passageiros. Nada fazia sentido, e essa perda de sentido para
com a vida dava-se porque ela achava-se uma repetição, uma mera canção repetida
com um refrão meditativo.
Julia
estava ferida, a canção não lhe saia dos lábios, repetia baixinho: "A
gente é feito pra caber no mar." Repetindo, atirou-se da janela.
Pobre Júlia partiu sem entender que "isso nunca vai ter fim.”
Pobre Júlia partiu sem entender que "isso nunca vai ter fim.”
Por: Jakeline Silva.
Fonte da imagem: https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1366&bih=643&q=PESSOA+NA+JANELA+TRSITE
Fonte da imagem: https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1366&bih=643&q=PESSOA+NA+JANELA+TRSITE
O grande problema não é que enfrentamos o fato de nos sentirmos sozinhos, pois até sabemos que hora ou outra iremos passar por isso, o grande dilema é termos que acreditar que alguém poderia nos bastar, que poderíamos no TU, sermos plenos e cheios de sentido. Ah... Se não fossem nossas faltas, o que seria de nós? O que nos falta é o que nos move e o que nos move tem o poder de nos saciar pelo menos por alguns instantes. A beleza de viver é realmente entender que somos feitos para acabar e que por isso devemos desfrutar a vida de forma intensa. ;)
ResponderExcluirTexto lindo e que me levou mais uma vez a refletir sobre a vida. Estar vivo dói,gostar de viver é também sofrimento, nos envolve em muitos traumas. Porém viver é extremamente magnífico e não podemos descobrir nossos 'Sim-tomas' por outro meio que não seja VIVENDO.
ResponderExcluirFalando em canção...
ExcluirAgora me veio à memória "Tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor."
Pois bem, Sim-toma, a angústia é uma condição básica da vida.
ResponderExcluir