quarta-feira, 28 de maio de 2014

Em nome da Razão





O filme " Em nome da razão" comandado pelo diretor mineiro Helvécio Ratton foi símbolo da reforma psiquiátrica brasileira e contribuiu de forma significativa para o Movimento Antimanicomial. O filme trata-se dos horrores cometidos no Hospital Colônia de Barbacena, com aquelas pessoas  consideradas insanas, perigosas, indesejáveis e que fogem do padrão do que é SER NORMAL, essas são excluídas
e jogadas à margem da sociedade. Depositadas nos hospicíos! Lá perdem as suas identidades, sua dignidade e sua moral, vivem jogados em pátios arrudiados por grandes muros, para que a sociedade lá fora sinta-se segura, longe dos loucos, dos perigosos! Que não merecem viver em liberdade!

 O movimento da Luta Antimanicomial nasce profundamente marcado pela idéia de defesa dos direitos humanos e de resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais. Aliado a essa luta, nasce o movimento da Reforma Psiquiátrica que, mais do que denunciar os manicômios como instituições de violências, propõe a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, profundamente solidárias, inclusivas e libertárias.
No Brasil, tal movimento inicia-se no final da década de 70 com a mobilização dos profissionais da saúde mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais. Esse movimento se inscreve no contexto de redemocratização do país e na mobilização político-social que ocorre na época.
Importantes acontecimentos como a intervenção e o fechamento da Clínica Anchieta, em Santos/SP, e a revisão legislativa proposta pelo então Deputado Paulo Delgado por meio do projeto de lei nº 3.657, ambos ocorridos em 1989, impulsionam a Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2001, é aprovada a Lei Federal 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental a qual, basicamente, visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do convívio com a família e com a sociedade como um todo.
A Política de Saúde Mental no Brasil, visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do lazer.

Por: Ridgelly Soares

Um comentário:

  1. Parabéns pela postagem. Esse próprio modelo criado pela sociedade do ser "NORMAL", exclue qualquer tipo de diferença nas atitudes. O que não deixa de ser falho em vários aspectos, inclusive aumentando ainda mais o índice de preconceito.

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