quinta-feira, 29 de maio de 2014

Não há vida



Nas praças de alimentação não se veem vida, veem-se vultos, vazios, multidões, olhos que refletem o visor do celular ou que conferem às pressas as compras.

 Nos consultórios médicos, não se veem vida, há somente pessoas entediadas buscando manter uma rápida conversa com os estranhos ao lado.

Nas festas? Nada! Ausência de vida. Pessoas comungam de um mesmo ritual, felizes e estúpidos gritam uma alegria passageira.
E as igrejas? 
Não se veem vida. São almas sedentas, interesseiras, clamando uma benção que mantém-los ali para ganhar a redenção.

Não vejo vida, não vejo vida!

Encontrei a vida, dia desses, distraída. Estava num bordel! Os quartos, motéis, prostíbulos pulsam vida, a vida há, lá a vida é penetrada. Comem-se com vontade, conversa sem se entediar, gritam e gemem porque no corpo tudo é sentido, gozam com o deus pervertido, porque sem desejo a vida não há.



Por: Jakeline Silva





Fonte da imagem: http://vmulher5.vila.to/interacao/6517876/desejo-contido-142989-1.jpg

10 comentários:

  1. Ótima postagem Jack, retrata mesmo o quotidiano hostil em que estamos inseridos. Parabéns Pelo belo texto.

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  2. A vida é o que é.

    Parabéns pelo texto.

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  3. Agradeço a horizontalidade com a qual vocês o interpretam.

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  4. A vida sendo vida, vida desejada, vida vivida! Texto show Jaque :)

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  5. Crítico e corajoso. Lindo aos olhos, ao corpo e à alma.

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  6. Vejo vida nas suas palavras, ou melhor vontade de viver.

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  7. Escreves bem Jakeline, o texto levanta reflexões sobre a via do desejo dentro dos marcadores sociais e subjetivos. As novas roupagens contemporâneas da pulsão de vida, lembrei lendo seu texto de algo que traz a baila a responsabilidade inconsciente, 'Eu sou o meu acontecimento"

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