terça-feira, 13 de maio de 2014

Resumo - Estamira, um retrato social da saúde mental


O premiado documentário Estamira (2004), direção de Marcos Prado, conta a história de Estamira Gomes de Sousa, uma mulher em sofrimento mental que vive no lixão de Jardim Gramacho (RJ), em sua ‘lucidez delirante’, medita sobre vida, morte, Deus, trabalho e o ser humano.
O documentário permite refletir acerca da saúde mental e da construção sócio histórica da loucura no contexto de uma sociedade fortemente marcada
por intervenções medicamentosas e pela visão da alucinação como
algo perigoso e marginalizado. O desenvolvimento da psiquiatria é profundamente caracterizado pelo conceito de normalização. Na Antiguidade, o doente mental era visto como alguém possuído por forças malignas, já nos tempos modernos, é observado como detentor de um distúrbio que lhe tira a lucidez e a razão. Porém, com a reforma psiquiátrica e as transformações das políticas públicas de saúde mental, há um caminhar para a despatoligização da loucura e da reconstrução do imaginário sobre ela, retirando as pessoas em sofrimento mental do lugar de abjetos, reconhecendo-os como capazes de se relacionar, de produzir conhecimento. Todavia, existe uma necessidade de reflexão que ultrapassa os muros dos manicômios, é necessário uma mudança de postura social. A vida de Estamira demonstra como a exclusão social reflete na condição do sujeito, após o diagnóstico de esquizofrenia lhe restou a margem do sistema econômico, o lixo. Trazê-los de volta à sociedade é também desconstruir a visão normativa presente nela, é assegurar a dignidade humana. Afinal, se o louco é o diferente, quem são os loucos? Loucos somos todos nós!
                                                 Por: Amanda Costa.


Palavras – chave: Saúde mental, sofrimento mental, políticas públicas.


Um comentário:

  1. O link abaixo faz referência a uma pesquisa de caráter documental realizado com base no enredo do documentário Estamira. Edson Luís André de Souza, realiza seu trabalho a partir da análise minunciosa dos elementos que compõem o documentário, referenciando sua pesquisa nos seguintes autores:
    BLOCH, Ernst. Princípio Esperança. Rio de Janeiro: Editora Contraponto e Editora da UERJ, 2005, p.97
    KRAUS, Karl. La littérature démolie.Paris: Editions Rivages, 1990, p. 138.
    PEIXOTO, Mário. Poemas de permeio com o mar. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2002, p. 63.
    SANTOS: Milton. Por uma outra globalização – do pensamento única à consciência universal. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000, p. 132

    http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0100-34372007000100007&script=sci_arttext

    ResponderExcluir