terça-feira, 13 de maio de 2014

Liberdade


Eis aí uma palavra difícil de definir. Não somos em nenhum momento de nossa vida realmente livres, estamos aprisionados a tantas amarras, correntes e grades, mas ao mesmo tempo sonhamos com o ideal da liberdade.
Um ideal manipulador, ao qual somos submetidos desde nossa infância. A cultura dissemina no imaginário infantil que a vida adulta é o momento no qual podemos alçar voos em qualquer direção. Nossas crianças crescem imaginando que um dia serão de fato livres, mas quando o corpo anuncia que a liberdade se aproxima, a porta da gaiola se fecha e novamente a cultura aparece para nos dizer que a liberdade pregada até então é apenas mais uma grade desta imensa prisão.Eis que a prisão não é apenas simbólica, a cultura já tratou de criar gaiolas para diversos tipos de abjetos. Precisamos ser livres dentro das normas e padrões. Isso parece um tanto quanto confuso. Prendemos também aqueles que expressam sua liberdade de maneira mais escancarada, aos quais chamamos de LOUCOS. Não suportamos a liberdade que tanto procuramos, e por isso, a aprisionamos.Nos fazemos presos aos grupos aos quais pertencemos, mesmo que não percebamos. Estamos presos as opiniões dos outros, aos preconceitos; somos frutos de nossa convivência social. Amarrados muitas vezes de forma tão sutil que a alienação torna-se uma venda transparente que não conseguimos enxergar.Estamos presos ao corpo, ao outro, a angústia e só podemos ser livres na morte.Eis, então, a mais paradoxal das questões, vivemos em busca da liberdade, mas só a teremos em sua total plenitude quando perdermos nossa vida. As amarras se desprendem no momento mais inusitado que é o Fim...Um fim sem pontos finais, mas com reticências; sem verbos, porém com conjunções; sem conceitos, todavia com possibilidades.
Como diria Rousseau : “O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado.”
Por: Welllington Oliveira.

4 comentários:

  1. Antônio Gonçalves18 de maio de 2014 às 14:20

    Quem dera, ao menos uma vez, pudéssemos nos despir dos padrões sociais, junto com seus corpos, e máscaras... Quem dera, ao menos uma vez, mostrássemo-nos sujos, indelicados, substituíveis, e impróprios para o consumo humano... Quem dera, ao menos uma vez, fôssemos observados perante faces, e olhos compreensíveis, sem partidarismo social, onde fosse possível cuspir, defecar, e vomitar na cara de quem nos subjugasse... Entretanto, caso a nossa verdadeira face fosse explicitada, seríamos taxados como imorais, pecadores, insanos, indignos de convívio comunitário, pois, a dignidade humana é categorizada, exposta na capa de um livro, sem saber de fato quem o escreveu... Sendo assim, quem sabe um dia... Um dia, quem sabe?

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  2. Texto lindo, puramente verdadeiro. Idealizamos a liberdade, quando no entanto não suportamos, ela é demais para uma sociedade presa.
    Parabéns pelas palavras.

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