sábado, 24 de maio de 2014

Homossexualidade e Discriminação: Uma questão de saúde pública

Embora muito se fale sobre a modernização do pensamento social e dos avanços reais conquistados pelo debate em torno de temas polêmicos, como identidade sexual e relações de gênero, ainda estamos cercados pelo fantasma cultural do preconceito e da discriminação. Um um relatório do Grupo
Gay da Bahia (GGB), divulgado em fevereiro deste ano, revela que no estado, em 2013, foram assassinados
312 gays, travestis e lésbicas, uma média de um assassinato a cada 28 horas.
Segundo o documento do GGB, o Brasil lidera o ranking dos crimes homo-transfóbicos ocorridos em 2013, ficando com 40% dos assassinatos de gays, transexuais e travestis. Somente em janeiro de 2014 já foram documentados 42 homicídios, cerca um a cada 18 horas. A região Nordeste, fortemente marcada pela ‘educação’ machista e homofóbica, foi considerada a mais violenta do país, com 43% dos homicídios. Já no tocante aos estados, Pernambuco e São Paulo lideram estes tristes índices, com o maior número de assassinatos a LGBT.
Já uma pesquisa coordenada pelo psicólogo clínico Luiz Fábio Alves de Deus, desenvolvida pela pós-graduação da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), que entrevistou 1,2 mil homens de 18 a 77 anos na cidade de São Paulo, mostra que o preconceito na sociedade é causador de problemas graves à saúde, como os psíquicos. Segundo o pesquisador, quase três quartos dos entrevistados (72%) foram agredidos verbalmente ao revelarem sua sexualidade, 21% sofreram violência física e 42% receberam ameaças de agressão por não serem heterossexuais.
Observa-se, portanto, que a revelação/vivência da sexualidade está intimamente ligada ao status social, aceitação, afeto e amizades. Neste contexto, a discriminação contra LGBT afeta diretamente a saúde psíquica e física dos homossexuais. O fato de conviverem cotidianamente com a condenação social da homossexualidade faz com que experimentem, em diversas fases da vida, sentimentos de autorrejeição, depressão e ansiedade. Na maioria das vezes, a revelação da identidade sexual direciona o sujeito ao ostracismo familiar, escolar e profissional, elevando a possibilidade de suicídio e/ou consumo excessivo de cigarro, álcool e outras drogas.

Por: Amanda Samara

2 comentários:

  1. Os dados são realmente assustadores, é incrível como a visão reducionista e preconceituosa da homossexualidade pode ser devastadora, somos regidos pela dimensão do desejo e tanto a heterossexualidade quanto a homossexualidade são manifestações sexuais igualmente legítimas. A lógica de uma sexualidade apenas "reprodutora" limita o homem na busca do prazer, é lamentável termos que nos preocupar com discriminações que condena e destrói vidas e desejos.

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  2. O incrível disso tudo é ver jovens cada vez mais entrando em crise existencial ou algo maior porque a própria sociedade, diria até a família, em que ele vive, não o aceita como ele é. Ser homossexual não é uma escolha. Arrasou no texto Amanda. :*

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